2008-09-30

Renegociação do crédito à habitação

O Banco de Portugal esclarece a lei que gerou controvérsia:

“O objectivo do diploma é o de proibir a cobrança de qualquer comissão associada ao processo de revisão das condições do contrato de crédito, desde a análise até à respectiva formalização da renegociação”, refere a carta circular.
A lei gerou confusão pois o legislador, no número 1 do artigo 3.º do referido diploma, diz que “às instituições de crédito está vedada a cobrança de qualquer comissão pela análise da renegociação das condições do crédito”, levando várias instituições a interpretar que não poderiam cobrar comissões na análise, mas poderiam cobrar quando o contrato fosse efectivamente alterado.
Depois de o Ministério das Finanças ter esclarecido que a lei proibia todas as comissões, foram vários os bancos que recuaram neste âmbito, mas a confusão estava ainda a levar a diferentes interpretações por parte de diversos bancos.
O Banco de Portugal reforça que não é “permitida a cobrança de qualquer montante aquando da sua alteração”.

Falência do NY Sun

Seis anos após a criação do jornal New York Sun, que surgiu como uma alternativa ao New York Times, publicou hoje a sua última edição, não tendo conseguido aumentar o capital e entrando por isso em falência.

Segundo o editor, Seth Lipsky, este mês tem sido uma dos piores do século, e por isso não conseguiram encontrar investidores que dispostos a injectar capital. Os lucros do jornal estavam a ser conseguidos com a publicidade mas a queda das vendas foram decisivas para o encerramento do jornal.

(fonte)

Novidades da Lehman Brothers

Depois de anunciar a falência há sensivelmente duas semanas atrás, a Lehman Brothers revela agora a eliminação de 750 postos de trabalho nas unidades europeias para as quais não conseguiu compradores: a unidade de "fixed income" e a unidade de gestão de investimentos pessoais. O banco emprega 4500 pessoas em Londres.

Para além disso, o banco vende a sua divisão de gestão de activos Neuberger Berman or 2,15 mil milhões de dólares aos investidores financeiros Bain Capital e Hellman & Friedman.

Pressão para aprovar

George W. Bush, o presidente dos EUA, apelou ao Congresso para aprovar o plano de 700 mil milhões de dólares, que ontem foi chumbado. Bush, considera que a economia enfrenta sérios problemas e que pode agravar-se ainda mais caso o governo não aja.

O presidente norte-americano considera que em causa está uma escolha entre a acção e realidade de muito americanos de ficarem em condições muito piores às que já estão e que por isso o Congresso deve agir.

Quanto mais cedo a crise for resolvida, mais cedo será possível retomar o crescimento e a criação de empregos, segundo o mesmo.

Bush está em conversações com Henry Paulson e outros conselheiros económicos, juntamente com líderes do Congresso dos dois partidos, à procura de uma solução após o chumbo do plano de Paulson.

Apollo 30-Set/Sep-08


Posição/Position:Curta/Short
Valor de entrada/Entry value: 1530.50
Valores de saída/Exit values: 1515.25/1545.75
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Actualização/Update @ 14:35.
Posição fechada/Position closed @1645.75
Perda/Loss: 1%
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Performance desde o início/performance since inception (1-Jul-08):
Apollo: +3.48%
Mercado/Market: -15.36%
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Total: 64
Ganhadoras/Winners: 34 (53%)
Perdedoras/Losers: 30 (47%)
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Garantia do governo irlandês

Segundo o Telegraph, o governo irlandês declarou que vai garantir os depósitos bancários por um período de dois anos, em seis instituições financeiras, tendo como objectivo acalmar as preocupações dos investidores, após as acções da banca terem tombado 26% na bolsa de Dublin.

Este plano, que entrou já em vigor e termina em Setembro de 2010, aplica-se aos bancos Allied Irish Bank, Bank of Ireland, Anglo Irish Bank, Irish Life and Permanent, Irish Nationwide Building Society e ao Educational Building Society. Na sessão de ontem, o Anglo Irish Bank desvalorizou 44%, a maior queda em mais de 21 anos, liderando a baixa do sector financeiro.

A Irlanda junta-se assim a outros governos que impediram falência de diversos bancos, no seguimento da crise nos mercados de crédito. Tornou-se ainda na primeira economia da Zona Euro a deslizar para a recessão, após a queda do sector habitacional e consequente desvalorização do preço das casas.

Agora o Dexia

O Banco Dexia tornou-se no quinto banco europeu a ser socorrido, com os governos da França e da Bélgica terem injectado um total de 6.4 mil milhões de euros após o agravamento da crise financeira internacional. Esta medida foi tomada com a intenção de permitir ao Dexia enfrentar o panorama actual nos mercados financeiros.

Esta intervenção aparece dois dias após os governos da Bélgica, Holanda e Luxemburgo terem concordado em injectar 11.2 mil milhões de euros no Fortis. No Reino Unido, as autoridades públicas emprestaram 18 mil milhões de Libras (cerca de 22.57 milhões de euros) ao Bradford & Bingley, enquanto que na Alemanha o Governo e alguns bancos privados vão injectar cerca de 35 mil milhões de euros à Hypo Real, que está à beira da falência. Ainda na Islândia, o governo anunciou que vai comprar 75% do Glitnir Bank, por 600 milhões de euros.


Na sessão de ontem, os títulos do Dexia caíram cerca de 30%, a maior queda de sempre desde Novembro de 1996, altura em que o banco começou a ser cotado em bolsa

2008-09-29

Irresponsible inaction


The US Congress has failed to approve the bailout bill that the financial sector is so desperate about. In a surprise defeat, the bill was rejected by a majority of members. And even more puzzling is the fact that it has been rejected after a group of hard line Republicans opposed to it. Stock markets have reacted negatively to this outcome. At the time that I'm writing this post, the S&P500 is off by almost 7%!

I'm afraid that cynical politics related to the next US presidential election have undermined the bipartisan effort that appeared to be underway to help Wall Street out of its woes. Make no mistake about it: the financial system is in danger and definitely needs governmental support. As I have argued in this blog for several times, the lack of regulation and banking oversight led us to this debacle. However, now is not the time to ask questions. Now we need action, bold action.
Eventually, we'll reach the point where we may talk about reform. But we are not there yet. First things first.

Rejeição do Plano de Paulson

O plano de Paulson acabou de ser rejeitado pelo Senado norte-americano. Os índices registam quedas gigantescas. O S&P 500 segue a perder mais de 5,5% e o Nasdaq cai quase 7%. Na Europa, os futuros do Eurostoxx descem mais de 7%.

Os juros seguem em forte alta, a libra sofre fortes perdas frente ao dólar e o crude desvaloriza mais de 8%.

Citigroup compra Wachovia

O Citigroup, o maior banco norte-americano por activos, anunciou que vai adquirir o negócio do Wachovia, evitando assim o possível colapso do sexto maior banco norte-americano em activos.
O acordo contou com a actuação do Federal Reserve Insurance Corporation (FDIC), Fed e Tesouro norte-americano. Segundo Sheila Bair, chairman do FDIC, está acção era necessária para manter a confiança no sector financeiro, dadas as actuais condições de mercado.

Segundo a mesma, esta operação foi distinta da compra do Washington Mutual por parte do JP Morgan, já que não foi uma falência mas sim uma compra. A base de crédito do Wachovia será comprada por 312 mil milhões de dólares. O FDIC garante que nenhum cliente do Wachovia ficará prejudicado pois os seus depósitos serão garantidos.

Apollo 29-Set/Sep-08


Posição/Position: Longa/Long
Valor de entrada/Entry value: 1644.00
Valores de saída/Exit values: 1627.75/1660.25
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Actualização/Update @ 14:42.
Posição fechada/Position closed @1627.75
Perda/Loss: 1%
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Performance desde o início/performance since inception (1-Jul-08):
Apollo: +4.48%
Mercado/Market: -10.87%
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Performance Sessões/Sessions:
Total: 63
Ganhadoras/Winners: 34 (54%)
Perdedoras/Losers: 29 (46%)
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Presidenciais EUA

Na passada sexta-feira, dia 26, os candidatos à presidência da República dos EUA John McCain e Barack Obama encontraram-se para um debate televisivo, que visou expor as diferentes visões e propostas de ambos os candidatos.

Apesar do debate ter sido inicialmente pensado para destacar a política externa, a discussão começou pelas questões económicas resultantes da crise financeira norte-americana.

Obama iniciou o debate criticando as políticas económicas da actual administração, apoiada por McCain, responsabilizando-as pela actual crise nos mercados financeiros. Essas políticas, segundo o candidato democrata, acabaram com a regulação e protecção dos consumidores. Por sua vez McCain, acusou Obama de ter um plano económico bi-partidário e que iria conduzir ao aumento da fiscalidade e da despesa pública.

Em relação ao plano da Reserva Federal e do Tesouro norte-americano, que visa injectar 700 mil milhões de dólares no sistema financeiro, o candidato republicano e o candidato democrata concordaram nos seus elementos fundamentais, evidenciando ser um modo de recuperar as contribuições fiscais, bem como as restrições às indemnizações dos quadros de topo que sejam despedidos (“golden parachute”).

Quando questionados acerca da sua aprovação ao texto final que então estava ainda a ser negociado, Obama alegou que teria que ver o texto final primeiro, enquanto que McCain espera apoiar o plano.
Para os espectadores deste primeiro debate presidencial, o vencedor claro foi Barack Obama.A sondagem feita pela USA Today/Gallup mostra que 48% atribuíram vitória a Obama contra 34% que preferiram McCain. Estes resultados estão em linha de conta com outras duas efectuadas pela CNN e pela CBS.

Plano Paulson

O secretário do Tesouro norte-americano Henry Paulson anunciou ontem que existem “progressos importantes” tendo em vista o entendimento relativamente ao plano para salvar o sistema bancário norte-americano que tem vivido dias de tensão. De lembrar que foi entre uma minoria republicana que existiram maiores objecções ao plano, considerando medidas próprias de um governo socialista e não de uma economia de mercado livre.

O Governo norte-americano divulgou o projecto-lei do referido plano. O valor de 700 mil milhões de dólares para comprar aos bancos dívidas incobráveis mantém-se, mas será disponibilizado ao Tesouro por fracções.

O Presidente Bush reconhece que esta não seja a situação mais justa para os contribuintes, que irão pagar os erros cometidos pelo sistema financeiro, contudo, caso nada seja feito isso pode significar uma profunda recessão nos EUA, com a restrição do crédito a ser estendida às empresas e aos cidadãos.

Inicialmente, Paulson terá ao seu dispor 250 mil milhões de dólares para começar a comprar activos desvalorizados às instituições, sendo aumentado para 350 mil milhões após autorização por escrito do presidente dos EUA. O secretário do Tesouro, ou o seu sucessor, poderá utilizar os restantes 350 mil milhões se o Congresso não rejeitar a proposta após 15 dias da sua aprovação.

Os contribuintes terão direito à compra de acções de crédito mal parado. Os quadros de topo destas instituições terão os seus salários limitados e não poderão receber indemnizações se forem despedidos, isto é, o "golden parachute". O governo também elevará a carga fiscal das empresas que paguem aos seus executivos salários acima dos 500.000 dólares por ano.

Parecer da CMVM sobre Vendas Curtas

A emissão, na semana passada, de um novo Parecer sobre Vendas Curtas pela CMVM já levantou algumas questões, nomeadamente sobre a operacionalidade das transacções.

A CMVM esclarece que os "market makers" têm de fazer reportes das suas vendas curtas, numa base diária, mesmo que não seja efectuada nenhuma transacção. Por outro lado, são obrigados a clarificar a relação entre as vendas curtas e a correspondente exposição ao mercado de derivados.

Uma das questões mais frequentes sobre o assunto prende-se com a forma de prova, por parte do vendedor, de que os títulos estão disponíveis (antes da ordem ser lançada) quando pertencem a uma instituição diferente da do executante. O regulador português avança que, nestas circunstâncias, tem de existir um documento legal do vendedor a confirmar que os títulos estão disponíveis para entrega ao intermediário mediante o seu requerimento.

Por fim, o valor líquido da posição curta deve ser calculado considerando os derivados pelo seu valor nominal.

Fortis nacionalizado

O Fortis, o maior grupo financeiro da Bélgica, foi parcialmente nacionalizado pelos governos da Bélgica, Holanda e Luxemburgo, através de uma injecção de 11.2 mil milhões de euros, após os seus títulos terem caído mais de 20% na sessão de sexta-feira passada, devido da desconfiança de agravamento dos problemas de financiamento do banco. A Bélgica irá comprar 49% da unidade belga pelo montante de 4.7 mil milhões de euros, enquanto que a Holanda irá pagar 4 mil milhões de euros pela mesma fatia de modo a ficar com os serviços bancários holandeses. O Luxemburgo, para ficar com os mesmos 49% da unidade local irá injectar 2.5 mil milhões de euros.

O Fortis terá que vender a sua posição no ABN Amro, adquirida no ano passado por 24.2 mil milhões de euros. Na altura a instituição belga-holandesa juntou-se ao Royal Bank of Scotland e ao Santander para comprar o ABN Amro por um valor total de 72 mil milhões de euros. Foi precisamente o receio de não cumprir este acordo que levou à queda de 35% do valor das acções durante a semana passada.

Esta é a segunda grande intervenção estatal durante o fim-de-semana, já que o governo de Reino Unido avançou também para a nacionalização do Bradford& Bingley que não resistiu ao impacto do colapso do mercado de crédito de alto risco nos Estados Unidos da América.

O Fortis foi assim a maior vítima financeira do subprime na Europa a ser atingida pela crise financeira internacional que começou há mais de um ano, mas que nas últimas semanas tem vivido dias de grande instabilidade: A nacionalização dos gigantes Fannie Mae e Freddie Mac, a falência do Lehman Brothers, a compra do Merril Lynch pelo Bank of America, injecção de 85 mil milhões de euros na AIG, o fim da Goldman Sachs e da Morgan Stanley como bancos de investimento e a aquisição do Washington Mutual pelo JP Morgan.

2008-09-26

Renegociar o Crédito

"A lei da renegociação de crédito entrou em vigor esta semana e a polémica está instalada: os bancos não cobram a análise das renegociações, mas quando aprovam mudanças aos contratos estarão a cobrar as alterações aos contrato.

O Ministério das Finanças diz que “é proibido”, mas o problema está na lei.A lei das renegociações de crédito entrou em vigor no dia 25 deste mês, e determina que “às instituições de crédito está vedada a cobrança de qualquer comissão pela análise da renegociação das condições do crédito”.


Os bancos estarão a fazer uma interpretação da lei, o legislador outra."

Aumento de capital no JPMorgan

O JPMorgan, que hoje durante a manhã deu a conhecer a compra do Washington Mutual, anuncia agora que vai proceder a um aumento de capital no valor de 10 mil milhões de dólares. Serão emitidas 246,9 milhões de acções ordinárias a 40,50 dólares cada uma. Esta operação deverá estar concluída até ao final deste mês.

DAYTRADING (Sept 22nd / Sept 26th)


Introduction: The DAYTRADING program trades Eurostoxx and S&P500 futures through long and short positions with no overall bias. No trade shall be carried overnight. This is not a capital guaranteed portfolio.

Weekly balance: +0,2%
Monthly balance (Sept 08): -1,3%
Since inception (Mar 08): +5,8%

Number of roundtrip trades: 1 Longs and 1 Short (Leverage applied to the Mini S&P future is half of the leverage used in the Eurostoxx future).

Sept 22nd: No trades.
Sept 23th: BOT S&P @ 1206,75 and SLD @ 1209,75.
Sept 24th: SLD Eurostoxx @ 3166 and BOT @ 3163.
Sept 25th: No trades.
Sept 26th: No trades.

Enjoy your weekend.

Apollo vs Market


Apollo vs Market desde o dia 1 de Julho até ao dia de hoje. (Clique na imagem para ampliar)




NOTA: Os valores considerados para o cálculo da evolução do mercado são os preços de fecho diário do Apollo.

Apollo 26-Set/Sep-08


Posição/Position: Longa/Long
Valor de entrada/Entry value: 1636.75
Valores de saída/Exit values: 1620.50/1653.00
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Actualização/Update @ 14:39:
Posição fechada/position closed @ 1653.00
Ganho/Gain: 1%
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Performance desde o início/Performance since inception (1-Jul-08)
Apollo: +5.48%
Mercado/Market: -9.49%
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Performance Sessões/Sessions:
Total: 62
Ganhadoras/Winners: 34 (55%)
Perdedoras/Losers (28) (45%)

Parecer da CMVM: "Short Selling"

Com sobreposição ao último parecer de 2001, a CMVM emitiu ontem um novo parecer sobre Vendas Curtas (“Short Selling”).

Na verdade, o conteúdo do parecer foi de encontro ao que já era antecipado por muitos analistas. A estratégia de “naked short-selling” não é reconhecida pela CMVM. Ou seja, o ordenador da operação de venda tem de dispor ou ter assegurado a disponibilidade dos instrumentos financeiros necessários à liquidação da operação. Se isto não acontecer, o intermediário financeiro deve recusar a operação (excepto se o próprio intermediário garantir a liquidação por conta do ordenador). Cabe ao intermediário verificar a legitimidade do ordenador (artigo 325º do Código dos Valores Mobiliários).

Quanto aos particulares, a CMVM acrescenta que a realização de vendas curtas pode constituir manipulação de mercado quando: a operação agravar a volatilidade dos mercados; a operação detiver uma elevada dimensão absoluta ou relativa; se registar uma influência significativa previsível na cotação do activo e os instrumentos financeiros necessários à liquidação não estiverem adequadamente disponíveis.

Colapso do WaMu

Os receios dos investidores quanto ao colapso de mais instituições financeiras norte-americanas não são infundados. Hoje, a crise do subprime iniciada no Verão de 2007 fez mais uma vítima: o Washington Mutual (WaMu).

O WaMu protagoniza a maior falência da banca comercial dos EUA. Com 2300 agências e 182 mil milhões de dólares em depósitos de clientes (até ao final de Junho), o banco envergava 310 mil milhões de dólares em activos.

As principais agências norte-americanas de notação financeira cortaram o rating do WaMu por várias vezes, atirando-o agora para o valor mais baixo. Por outro lado, as perdas ascendiam a 19 mil milhões de dólares e as acções caíram 95% nos últimos 12 meses.

Perante as evidências de que a instituição financeira estava a caminhar para o abismo, os clientes apressaram-se em resgatar depósitos no valor de 16,7 mil milhões de dólares. A situação agravou-se ainda mais, o colapso tornou-se inevitável.

Depois de rejeitar uma oferta de aquisição do presidente executivo do JPMorgan em Março, o WaMu chegou hoje a acordo com o mesmo banco para a compra dos seus depósitos e alguns activos de melhor qualidade por 1,9 mil milhões de dólares. O JPMorgan torna-se no maior banco depositário dos EUA.

O que resta da instituição foi resgatado pelos reguladores norte-americanos. O WaMu foi encerrado pela Comissão de Supervisão Económica e entregue ao controlo da Agência Federal de Seguradoras de Depósitos.

Crise chega à China

Os bancos chineses anunciaram hoje que vão limitar as transacções com as empresas internacionais no mercado interbancário.

O objectivo é conter os riscos associados à turbulência no sector financeiro norte-americano. Ainda pairam no ar algumas dúvidas quanto a outras eventuais falências, depois do que aconteceu com o Lehman Brothers. Os directores dos principais bancos chineses não se inibem de confirmar que a confiança nos congéneres americanos está seriamente abalada.

Ontem, pela primeira vez, o mundo percebeu que a crise norte-americana tinha chegado ao continente asiático. Centenas de clientes correram ao Bank of East Ásia (em Singapura e Hong Kong) para resgatarem os seus depósitos. Já há uma década que não ocorria um Bank Run deste género no continente. O Bank of East Asia apresenta uma exposição de 61 milhões de dólares ao Lehman Brothers e ao American International Group. Ainda assim, o correspondente a menos de 0,2% dos seus activos. Hoje, a banca chinesa empola a gravidade da situação e limita as transacções com os americanos no mercado interbancário.

2008-09-25

Turtle traders


One of the most debated issues about trading and investing is whether it can be taught or not. Are successful traders naturally gifted? Or does their success result from a learning process? I believe it is a bit of both. Successful traders undoubtedly have certain personality traits such as courage, intellect and the ability to perform under pressure. But most only reach excellence after overcoming the grueling learning curve - the "tuition cost" - that financial markets demand.

Regarding the core issue, "can trading be taught or not?", the most famous institutional attempt at it was done back in the 1980's by two well established and well known professional financial speculators: Richard Dennis and William Eckhardt. Legend has it that one day, while on a trip to a Singapore turtle farm, Dennis - also known as the "Prince of the Pit" - told his business partner Eckhardt the following: "We are going to grow traders just like they grow turtles in Singapore". Dennis believed that successful trading could be learned. Eckhardt did not.

So they decided to train a group of 13 traders, some had previous trading experience and others had none at all. They were the "Turtles". Ultimately, Dennis was right. Their newly formed group of traders did so well that eventually they took on 10 more traders in the same circumstances. Years later, Dennis, a brilliant albeit volatile and risk taker trader, got wiped out in the 1987 stock market crash. That marked the beginning of Dennis' downfall from professional trading. However, the Turtles and Eckhardt kept trading. Many succeeded on their own. But many also failed.

Is trading learnable? Yes. Is every trader gifted with the stamina required for success? No.

Uma espécie de monopólio

"Na refinação nacional, existe uma única empresa, a Galp, a qual controla mais de 80% da capacidade total de armazenagem de combustíveis em território nacional, abastecendo, de igual modo, mais de 80% do consumo nacional em combustíveis líquidos e gasosos para venda ao público" (fonte, pág. 10)

Para além da questão da fiscalidade, é esta a razão pela qual os preços são mais elevados do que poderiam ser. As margens de distribuição e de logística têm-se mantido praticamente inalteradas desde o início do ano, o que faz com que o preço à saída da refinação seja o principal factor que provoca oscilações no preço final de venda ao público.

Especulação: Feitos para perder

Quando o jovem Barton Biggs se dirigiu ao pai, que era Administrador do Citibank, e lhe comunicou que pretendia iniciar uma carreira nos mercados financeiros, o pai deu-lhe um livro para a mão e disse-lhe: “Lê este livro.” O livro era The Intelligent Investor, de Benjamin Graham.

Quando passados dias, Biggs voltou junto do pai com o livro na mão e lhe disse: “Pai, já li.”, o pai virou-lhe as costas e respondeu-lhe: “Então, lê outra vez”.

Benjamin Graham é um clássico da literatura sobre o investimento financeiro, particularmente relevante para a classe dos investidores conhecidos como “value investors”. Estes são os investidores que procuram tirar partido da diferença entre o valor económico de uma empresa e a sua cotação no mercado. Warren Buffett, ele próprio discípulo de Graham, é o exemplo acabado do “value investor”: uma análise minuciosa do valor económico da empresa, a comparação com a sua capitalização bolsista e um horizonte temporal de investimento consideravelmente alongado, às vezes atingindo décadas.

Graham distinguia claramente entre investidores e especuladores e o seu livro, como o título indica, é dirigido aos primeiros e não aos segundos. Porém, muitos dos conselhos de Graham, e que o tornaram um clássico, aplicam-se a ambas as classes.

Quando um dia lhe perguntaram qual a principal razão por que tantas pessoas falham nos mercados financeiros, ele respondeu de uma forma concisa: “A principal razão é a de que as pessoas atribuem demasiada importância às variações da Bolsa em cada momento”.

Graham acreditava que, uma vez estabelecida uma posição no mercado e adoptadas as necessárias regras de prudência, como a definição de uma perda-limite e de um ganho-objectivo, o investidor devia afastar-se da observação dos mercados e que o escrutínio excessivo da evolução das cotações constituía a razão principal das perdas da maioria.

A observação de Graham parece ter antecipado em várias décadas estudos recentes da psicologia financeira, segundo as quais a natureza humana está feita para perder nos mercados financeiros, e tanto mais quanto maior for o escrutínio que o investidor exerce sobre os mercados. Aquele que segue ao minuto, ou mesmo ao segundo, as cotações na Bolsa da empresa em que investiu, em lugar de estar a zelar pelo seu dinheiro, como eventualmente julgará, estará mais provavelmente a cavar a sua ruína.

A razão é que o ser humano reage aos ganhos e às perdas de uma forma assimétrica. Os ganhos são considerados acontecimentos normais, fruto do seu trabalho, da sua inteligência, da sua capacidade de antevisão e da sua perseverança, ao passo que as perdas são consideradas acontecimentos extraordinários. Por isso, a satisfação que uma pessoa retira de ganhar mil euros na Bolsa é muito menor que o sofrimento em que incorre quando perde mil euros. Na realidade, estudos quantitativos sugerem que o sofrimento em que o investidor incorre com uma perda na Bolsa é mais do dobro da satisfação que retira de um ganho de igual montante.

A consequência lógica é inevitável. O impulso para actuar, significando fechar a posição, é maior – na realidade, mais do dobro – em caso de perda do que em caso de ganho. Não surpreende que a generalidade das pessoas saia do mercado a perder. A natureza humana está feita para isso mesmo.

Bolsa norte-americana

As encomendas de bens duradouros nos EUA, em Agosto, caíram mais do dobro do previsto pelos analistas da agência Bloomberg. Os pedidos caíram 4,5%, quando se previa uma queda de apenas 1,9%. O dado revelado hoje indica que as empresas estão a apertar nos custos, evitando o investimento em equipamento.

Por outro lado, o número de novos pedidos de subsídios de desemprego avançou para 32 mil, o valor mais elevado desde Setembro de 2001. Mais uma vez, os dados contrariaram as expectativas dos analistas, que apontavam para uma descida destes pedidos.

Mas, ainda assim, as praças norte-americanas seguem a sessão em alta. O S&P 500 valoriza 1,62% e o Nasdaq sobe 1,42%. Isto porque os investidores acreditam que o plano de Paulson será aprovado, fornecendo às instituições financeiras em apuros uma quantia total de 700 mil milhões de dólares.

Em destaque


Compre a edição desta semana da revista "Visão" e leia o painel "O fim do capitalismo?" (página 67). As opiniões de Belmiro de Azevedo, Pedro Arroja, João Duque, João César das Neves, entre outros.

Apollo 25-Set/Sep-08


Posição/Position: Curta/Short
Valor de entrada/Entry value: 1685.25
Valores de saída/Exit values: 1668.50/1702.00
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Actualização/Update @ 15:16:
Posição fechada/Position closed @ 1702.00
Perda/Loss: 1%
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Performance desde o início/Performance since inception (1-Jul-08)
Apollo: +$.48%
Mercado/Market: -6.80%
.
Performance Sessões/Sessions
Total: 61
Dias ganhadores/winning days: 33 (54%)
Dias perdedores/Losing days: 28 (46%)

Commodity arbitrage


"Sugar may be a cheap call option on John McCain winning the U.S. presidential election (...) While Barack Obama supports domestic ethanol production subsidies, which are generally corn based, John McCain supports a more open trade policy for Brazillian sugar based ethanol", Source: Bloomberg News

Over the past ten years, Commodity markets have regained their shine as investment assets. The previous bear cycle bottomed out in mid 1999, then the market stalled for a couple of years, and finally in 2001 late October the CRB Index - the sector's benchmark - initiated a powerful bull market that reached its peak this past June 2008. Since then the index has tumbled over 25% and many argue that a new bear market is already in place. However, I disagree. I expect that over the coming months we will probably witness a rebound in commodity prices. In my perspective, soft commodities may prove to be the most exciting. These commodities are traditionally very susceptible to weather and government regulation, especifically, agricultural subsidies.

In that regard, today's Bloomberg report provides some insight on what to expect from Obama or McCain. Since Bush was elected, the U.S administration introduced a series of incentives towards corn based ethanol production despite allegations that corn is uneffective compared to other ethanol sources. In fact, one of the biggest worldwide producers of ethanol, Brazil, which for the past four decades has been on the leading edge of alternative fuels, has its ethanol production mostly based in sugar. That's precisely what McCain is calling for instead of wasting money in corn subsidies. A bit of change that Obama, quite ironically, is not pushing for at all. Below, you can see this year's market action in the CRB Index, and Sugar and Corn front month futures.


Both Sugar and Corn have outperformed the general CRB Index so far this year. Sugar is up by 12% Year to date, Corn is higher by 24% and the CRB Index accumulates a 2% gain as of yesterday. If you believe in the candidates' views and in recent election polls that show Obama leading McCain by 9 percentage points, there's an arbitrage opportunity right here: buying sugar and selling corn. Perhaps not as risk free as the title picture might suggest. But definitely a decent risk reward trade.

Bank Run

A crise financeira está a atingir também a Ásia, verificando-se esta manhã o primeiro Bank Run desde a última crise financeira na região que ocorreu uma década atrás.
Centenas de clientes nervosos correram literalmente para as instalações do Bank of East Asia em Singapura e Hong Kong com o objectivo de resgatar os seus depósitos, receando a perda do seu capital.
O Banco Central de Hong Kong respondeu injectando cerca de 500 milhões de dólares no mercado de modo a suportar o sistema bancário da região.

O Bank of East Asia é sétimo maior banco cotado na bolsa de Hong Kong e o quinquagésimo de todo o continente asiático em termos de market cap actual.

Imbróglio

Aproveitando o imbróglio nos mercados financeiros e nos respectivos reguladores internacionais, a nossa CMVM prepara-se para publicar um parecer sobre o “short-selling”.

O regulador português deverá explicitar em que circunstâncias e em que moldes a actividade do short-selling pode constituir crime de mercado. Algumas dessas circunstâncias serão: intenção de deliberadamente fazer cair a cotação de um título e o “naked short-selling”, isto é, se o investidor alienar um activo que ainda não lhe foi emprestado.

O Short-selling deve ser regulado como qualquer outra actividade de mercado. Infelizmente, muitas das notícias que surge nos últimos dias teimam em apontar o “short-selling” como uma nefasta actividade para a sociedade, mesmo até um crime.

2008-09-24

Cuidado com as aparências

Este gráfico mostra a relação entre o preço do Brent (Petróleo) cotado em Euros, e o preço dos combustíveis à saída da refinaria(Gasolina sem chumbo 95 e Gasóleo), considerando um lag de duas semanas entre o preço do petróleo e o preço dos combustíveis. Assim, em cada semana representada no gráfico corresponde o preço dos combustíveis à saída da refinaria e o preço do petróleo com duas semanas de atraso. O horizonte temporal corresponde ao ano de 2008.

Como o gráfico mostra e bem, existe uma tendência bem definida entre o preço do petróleo e o preço dos combustíveis. Sempre que a matéria-prima aumenta, tendencialmente, o preço dos combustíveis também aumenta. Contudo o gráfico é enganador. Sempre que o preço do Brent aumenta 1% o preço da gasolina aumenta 0.6% e o do gasóleo 0.8%. Contudo, quando o preço do Brent cai 1%, o da gasolina diminui apenas 0.45% enquanto que o do gasóleo diminui 0.5%.

De facto, sempre é verdade que as subidas dos combustíveis na alta são superiores às descidas, em valor absoluto, na baixa.



Em baixo, apresento mais dois gráficos.
O primeiro ilustra a variação percentual de uma semana para a outra para o Brent cotado em EUR, o preço à saída da refinaria da gasolina sem chumbo 95 e do gasóleo.
O segundo gráfico compara o aumento relativo médio que ocorreu em ambos os combustíveis (preço à saída da refinaria), por cada variação percentual, positiva e negativa, do Brent em EUR.









My top pick financial speculators


Speculation is what drives every market. And successful speculators are those players that contribute the most to reducing "the discrepancy between the participants' perceptions and the actual state of affairs" (*).

In the history of financial markets there are many famous and notorious speculators. Most are professional investors. Others aren't. From all that I have read and seen over the years, if I were to choose my top picks I would go for Nicholas Roditi - a professional investor that once worked for George Soros - and Nicolas Darvas - a professional ballet dancer that during the 1950's also ventured in the stock markets. Different investment philosophies, although similar in many ways.

During the 1990's, George Soros was at his prime. Not only was he leading the charge, but he was also mentoring other fellow speculators. Among these were Stanley Druckenmiller who co-managed the Quantum fund together with Soros, and Nick Roditi who was responsible for the Quota fund. A low profile and press-shy individual, Roditi managed the Quota fund from his London office in complete isolation from the rest of the team. His investment technique ran contrary to the conventional approach of a diversified portfolio. In fact, his investments were characterized by highly concentrated positions, as opposed to diversification, and at times he would move back entirely to cash if there were no significant investment opportunities for him to chase. He would remain mostly in cash for as long as necessary. As new opportunities arised he would then jump back in and leverage his investments to several times his capital base through derivative instruments in equity and foreign exchange markets. Roditi's approach allowed him to score huge gains for his investors. But is also meant extreme volatility levels and a few personal burnouts. After leaving Soros Management in 2000, Nick Roditi settled at managing his own personal wealth and to the present day has further distanced himself from the spotlights.

My other role model is Nicolas Darvas who made a fortune back in the 1950's trading stocks while performing professional ballet shows around the world. His book, "How I made two million dollars in the stock market", still remains a best seller - more than 40 years after having been published for the first time. Nick Darvas first started trading the market when one day a Canadian show promoter paid him in stocks rather than in cash as usual. The company's name was Brilund - a mining company that traded on the Toronto stock exchange. From that day on Darvas became hooked on trading. At the beginning, he would lose at trading the bulk of every dollar he was earning as one of North America's top paid ballet dancers. Eventually, he developed a trading system based on weekly highs, lows, opens and closes registered in the stocks he followed in the US while travelling and performing worldwide. He got his information by subscribing the Barron's weekly magazine and receiving the relevant data by telex wherever he was. Despite his ultimate success, Darvas was extremely susceptible to outside opinions. So in order to protect himself from misleading investment advice he strictly prohibited his brokers from calling him. Whenever he saw the opportunity he would telex his broker with the order, trading individual stocks through margin accounts which allowed him to leverage his investments several times his capital base.

Although Roditi and Darvas based their investments on different inputs, they had much in common. Both operated highly concentrated portfolios. They also rested 100% in cash during prolonged periods of time - against conventional wisdom. Last but not least, both remained isolated from Wall Street. Roditi sought refugee at a family owned plantation in Rhodesia. And Darvas, besides prohibiting broker telephone calls, committed his investment analysis and decision making to non US trading hours. As he wrote it in his book "I was doing what I liked best. I was working while Wall Street slept" (**).

At the end of the day, both were quite successful - at all levels.

(*) "Soros on Soros", George Soros, Jonh Wiley & Son, 1995, page 66.
(**) "How I Made $2,000,000 In the Stock Market", Nicolas Darvas, Lyle Stuart, 1986, page 129.

Prevendo a crise

Este artigo foi publicado no jornal Vida Económica em 16 de Junho de 2006 sob o título "A vida dura de Bernanke":

Os comentários do Presidente do Fed, Ben Bernanke, produzidos há cerca de duas semanas, lançaram os mercados financeiros em quedas precipitadas, agravadas pelos recentes aumentos das taxas de juro na Ásia e na Europa e pela perspectiva de novos aumentos nos EUA. A preocupação dos banqueiros centrais é agora a inflação.

Na minha opinião, este acontecimento marcará o início de um período particularmente difícil para o Presidente do Fed, e não estou certo que ele possa algum dia vir a recuperar dele.

Num artigo publicado em 1966 sob o título “Gold and Economic Freedom” (in “The Objectivist Newsletter”), Alan Greenspan diagnosticou assim a causa da Grande Depressão de 1929-33: “Quando o nível da actividade económica nos EUA sofreu uma pequena contracção em 1927, a Reserva Federal injectou mais dinheiro na economia..... O raciocínio das autoridades era o seguinte: (...) o excesso de reservas assim gerado no sistema bancário iria baixar as taxas de juro nos EUA (...)”

Este seria exactamente o raciocínio de Greenspan, mas agora como Presidente do Fed, quando em 2000 a economia americana sofreu uma ligeira recessão.

Prossegue o autor no seu artigo de 1966: “O Fed conseguiu este resultado, mas quase destruiu as economias de todo o mundo no processo. O crédito excessivo que o Fed injectou na economia encontrou o seu caminho para o mercado de acções, gerando uma fantástica bolha especulativa.”

Greenspan, agora como Presidente do Fed, fez exactamente o mesmo na primeira metade dos anos 90 e voltou a fazê-lo a partir de meados de 2000 quando a bolha especulativa rebentou na Bolsa e ameaçou reduzir o crescimento económico.

Continua Greenspan no seu artigo de 1966: “Mais tarde, o Fed tentou secar o excesso de liquidez e conseguiu travar a bolha. Mas era tarde demais: em 1929 os desequilíbrios especulativos tinham-se tornado tão graves que esta tentativa produziu uma retracção da actividade económica e uma queda generalizada dos níveis de confiança. Como resultado, a economia americana entrou em colapso.” Esta pode ser a herança que Greenspan deixa a Bernanke.

Sobre a origem dos défices orçamentais, escreve Greenspan ainda no mesmo artigo de 1966: “ (...) O Estado Providência não é mais do que um mecanismo usado pelo Governo para confiscar riqueza (...). (E) os políticos rapidamente se aperceberam que, se pretendessem manter o poder, tinham de recorrer maciçamente aos défices orçamentais”.

Nunca mais se ouviram palavras semelhantes a Greenspan mesmo quando ele assistiu nestes últimos anos à criação, pela Administração Bush, dos maiores défices do Orçamento de que há memória na história americana.

Sobre a consequência dos défices, Greenspan não deixa margem para ambiguidade. Diz ele, ainda no mesmo artigo: “(...) À medida que a massa monetária (necessária para financiar os défices) aumenta relativamente à oferta de bens tangíveis na economia, o preço dos bens tem necessariamente de aumentar”.

Greenspan presidiu ao maior aumento da massa monetária, em período comparável, registado na história dos EUA, a qual triplicou nos 18 anos em que ele ocupou o lugar de Presidente do Fed. Ele assistiu também, sem protesto, à criação do maior défice orçamental no país. Ele conhece perfeitamente, pelo menos desde há 40 anos, as consequências de uma coisa e de outra.

Porém, não será ele a ter de viver com as consequências. Essa é uma herança que ele deixa a Bernanke.

Pressão

Não faltam designações para a actual crise financeira. Bernanke considera que o seu país sofre “graves ameaças” à estabilidade do seu sector financeiro, em declarações ao Comité Económico do Congresso dos EUA. Por isso, juntamente com Paulson, ameaça que o país terá um plano anti-crise ou, inevitavelmente, uma recessão.

Perante a crescente pressão para a aprovação do plano do Fed e do Tesouro, Bush, à entrada de uma reunião na Assembleia-Geral das Nações Unidas, garantiu que resultará um projecto sólido dos acesos debates no Congresso.

Resta agora saber se o secretário do Tesouro norte-americano vai ter tempo de gastar os 700 mil milhões de dólares, previstos, até ao final do mandato de Bush. Por isso, o Congresso deverá equacionar avançar com a aprovação de apenas uma parte do valor proposto.

Apollo 24-Set/Sep-08


Posição/Position: Curta/Short
Valor de entrada/Entry value: 1669.75
Valores de saída/Exit values: 1653.25/1686.25
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Siga aqui em directo/Watch it live here .
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Actualização/Update @ 14:36:
Posição fechada/Position closed @ 1653.25
Ganho/Gain: 1%
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Performance desde o início/Performance since inception (1-Jul-08)
Apollo: +5.48%
Mercado/Market: -9.45%
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Performance Sessões/Sessions
Total: 60
Dias ganhadores/Winning days: 33 (55%)
Dias perdedores/Losing days: 27 (45%)

Especulação: "Easy to say..."

Dois factores essenciais para o sucesso da especulação financeira são a existência de um plano de acção e a disciplina necessária para o cumprir. Entre os dois, o segundo é, de longe, o principal e aquele por onde mesmo os especuladores experimentados abrem por vezes a porta a perdas significativas e, no limite, à ruína.

O plano deve conter um conjunto de princípios e regras básicas de acção. A disciplina necessária para o cumprir deve ser férrea. Porém, como em muitas outras instâncias da vida, é mais fácil dizer – isto é, elaborar um plano – do que fazer – isto é, cumpri-lo.

O lendário Jesse Livermore, que ainda hoje inspira especuladores por todo o mundo, era taxativo a este respeito: “Obedeça às suas regras, sem qualquer desvio”. Porém, no final da sua vida, arruinado financeira e emocionalmente, confidenciou ao filho que das vezes em que perdeu foi por não ter obedecido às suas próprias regras.

Os princípios e as regras de Livermore, que ainda hoje constituem a cartilha de qualquer especulador moderno, eram simples e pertenciam, na sua maior parte, à esfera do senso comum. Eis algumas, enunciadas pelo próprio (*). “A minha regra básica é de nunca aceitar perdas superiores a 10% do capital”, isto é, ele impunha-se a si próprio uma perda-limite (“stop loss”) correspondente a 10% do capital investido, a qual, uma vez atingida, o levava a fechar a posição. “Assuma as suas perdas rapidamente”, continuava ele, e acrescentava: “é fácil dizer, difícil é fazer”.

Livermore considerava que a independência de espírito era uma das razões essenciais do sucesso do especulador. Ele mudou o seu escritório de Wall Street para a Fifth Avenue, em Nova Iorque, para não estar exposto às sugestões dos amigos, conhecidos e analistas financeiros: "De longe, a maior batalha emocional do especulador é a de lidar com as sugestões que lhe oferecem. A razão principal que me levou a mudar para a Fifth Avenue foi a de me afastar de todos aqueles que queriam ajudar-me oferecendo-me “informação certa” e “informação confidencial”".

“Deixe os ganhos correr”, aconselhava ele. “Os ganhos tomam conta de si próprios, as perdas é que não”. Na opinião de Livermore, um especulador não se deve precipitar a fechar uma posição ganhadora. Ele deve ser implacável é com as posições perdedoras. “Never average down”, aconselhava ele, significando que nunca se deve acrescentar a uma posição perdedora.

Estas são as regras essenciais de Livermore. Ao longo da sua vida, ele ganhou três fortunas na Bolsa e por três vezes se arruinou também. Numa das vezes, a ruína aconteceu através de uma acção especulativa sobre o algodão. As coisas correram assim:

Certo dia, Livermore conheceu num bar Percy Thomas, o célebre “Rei do Algodão”, assim chamado em virtude do seu enorme sucesso a especular sobre esta mercadoria. Thomas tinha acabado de se arruinar e Livermore ofereceu-se para lhe emprestar dinheiro que lhe permitisse retomar a actividade. O “Rei do Algosão” recusou e persuadiu Livermore a ser ele próprio a especular na alta do preço da mercadoria.

Livermore assim fez, estabelecendo uma pequena posição longa sobre o algodão. A regra da “independência de espírito” ficou esquecida.

O preço do algodão começou a cair e rapidamente ultrapassou os 10%. Livermore manteve a posição, esquecendo a sua regra básica de nunca incorrer em perdas superiores a 10%. O preço do algodão continuou a cair e ele, que tinha uma posição ganhadora no trigo, fechou esta posição – ignorando a regra de que não se devem fechar precipitadamente posições ganhadoras – para reforçar a posição no algodão – esquecendo a sua própria regra de que não se acrescenta a posições perdedoras. Ele tinha agora $3 milhões investidos no algodão, sensivelmente o valor da sua fortuna pessoal. O preço do algodão continuou a cair. Quando finalmente se decidiu a fechar a posição tinha perdido $2,7 milhões e estava praticamente arruinado.

“Easy to say, but hard to do”, escreveu ele, referindo-se à disciplina necessária para cumprir as suas próprias regras.

(*) Richard Smitten, Jesse Livermore – World’s Greatest Stock Trader, New York: John Willey & Sons, 2001.

Buffett

O Goldman Sachs, liderado por Lloyd Blankfein, é dos dois únicos bancos independentes que restam, por enquanto, da crise em Wall Street. Mas, para se aguentar por mais tempo, a instituição necessita de um encaixe de 7,5 mil milhões de euros.

Warren Buffett, um dos investidores mais ricos do mundo, já se disponibilizou a fornecer 5 mil milhões de dólares, em troca de títulos do Goldman Sachs. Os restantes 2,5 mil milhões de dólares serão conseguidos através de um aumento de capital.

A “oferta” de Buffett não poderia ter chegado em melhor altura para a instituição. O Goldman Sachs conseguiu manter-se independente, mas necessita de liquidez para enfrentar esta dura fase. Para além da importância financeira da acção de Buffett, os analistas acreditam que o facto do investimento ter sido feito por um “guru” do mundo financeiro será um sinal de confiança para os restantes investidores.

2008-09-23

Starbucks

A Starbucks vai finalmente abrir em Portugal. Após alguma especulação e algumas "certezas" relativamente à sua localização, a marca norte-americana terá representação no centro comercial Alegro, em Alfragide.

A meu ver, existe quase tudo para a marca ter sucesso... mas terão que se adaptar à realidade nacional... e estou a falar quer dos preços quer do café (expresso) em si.

Plano de Paulson

Perante o descalabro nas praças norte-americanas e nalgumas instituições do país, o presidente da Reserve Federal, Ben Bernanke, alerta o Congresso da urgência na ratificação das medidas propostas por Henry Paulson.

Na prática, Paulson e Bernanke pretendem que o Governo aprove rapidamente o plano de 700 mil milhões de dólares para comprar activos ilíquidos aos bancos. As bolsas dos EUA abriram a sessão em alta, animadas por este apelo de Bernanke. O S&P 500 segue a valorizar 1,10% e o Nasdaq sobe 1,75%.

O problema é que os partidos Democrata e Republicano não estão em uníssono, o que pode atrasar um pouco o processo. Ainda assim, a julgar pela subida das cotações, os investidores acreditam que o plano será aprovado.

Eliminating the insurance loophole


"New York State's proposal to start regulating part of the credit default swaps (CDS) market may accelerate oversight of an industry blamed for helping to almost bring down the U.S. financial system (...) Under NY Governor David Patterson's plan, the New York State Insurance Department would require entities selling credit default swaps to bondholders to show they can actually pay the claims if there is a default. Under the new guidelines, which will become effective in January, such contracts could "only be issued by entities licensed to conduct insurance business", Bloomberg News

Dear readers, the CDS game is over. As I stated in "this previous post" you cannot allow a $60 trillion unregulated market to exist simply because something that big can pose a serious systemic risk if it fails. Especially when this market is in effect a consequence of a regulatory loophole within banking and insurance law.

In order for you to understand what I have just written, and the implications associated to new rules put forward by the NY State, let me quote another passage from Satyajit Das' "Traders, Guns & Money" (pages 272 and 273):

"The CDS resembles a guarantee; it is like insurance against bankruptcy. The bank is effectively reinsuring its risk on the loan, but you can't call it insurance. Only licensed insurers can sell insurance; if you don't hold a license then you risk prosecution. Most importantly, the CDS contract is void ab initio - it never existed at all. (...) Insurance law is full of Latin doctrines - uberrima fides is one. It means "the utmostgood faith". The person seeking insurance must disclose all possible risks to the insurer. Credit derivatives is the world of caveat emptor - buyer beware! If a CDS contract is insurance, then the contract may not be enforceable. The person selling the protection (the investor in the example) could claim that not all risks had been disclosed. (...) The derivative industry didn't resolve the insurance issue. It relied on legal opinions".

Apollo 23-Set/Sep-08


Posição/Position: Curta/Short
Valor de entrada/Entry value: 1679.50
Valores de saída/Exit values: 1662.75/1696.25
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Siga aqui em directo/Watch it live here .
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Actualização/Update @ 15:23:
Posição fechada/Position closed @ 1696.25
Perda/Loss: 1%
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Performance desde o início/Performance since inception (1-Jul-08)
Apollo: +4.48%
Mercado/Market: -7.12%
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Performance Sessões/Sessions:
Total: 59
Dias ganhadores/Winning days: 32 (54%)
Dias perdedores/Losing days: 27 (46%)

Especulação: posições curtas



Para obterem retornos elevados – incorrendo, pelo caminho, em riscos elevados – os especuladores utilizam diversas técnicas. Uma delas é a adopção de posições curtas, isto é, posições que permitem ganhar com a queda do mercado.

Para os não-profissionais, a ideia de que seja possível ganha dinheiro com a queda do mercado – e, no limite, ganhar muito dinheiro com um crash – representa a perplexidade suprema e a prova acabada de que os especuladores são pessoas de moralidade questionável, beneficiando da desgraça alheia. E se acrescentássemos, a título de exemplo, que os especuladores que possuíam posições curtas em 11 de Setembro de 2001 ganharam substancialmente com os ataques terroristas, enquanto a generalidade dos investidores viam as suas acções cair em flecha, então é bem provável que a indignação moral suba ao máximo e que todo o debate posterior se torne impossível. O mesmo se pode dizer acerca da queda pronunciada dos mercados ao longo do último ano motivada pela crise financeira.

No entanto, a realidade é diferente. Não fossem os especuladores detendo posições curtas a 11 de Setembro, ou durante a actual crise financeira, e todas as vítimas das pronuncoiadas quedas bolsistas que se lhes seguiram – milhões de pessoas em todo o mundo possuindo acções da Microsoft ou da Intel, da Boeing ou da Matsushita, da EDP ou da Sonae – teriam perdido muito mais. Daqui a concluir que os especuladores curtos, em lugar da condenação, merecem talvez um louvor é um passo que um homem informado não hesitaria em dar.

A generalidade dos investidores, e o mesmo acontece frequentemente com os especuladores, adoptam posições longas no mercado, isto é, posições que ganham com a subida do mercado e perdem com a sua queda. Acontece assim quando alguém compra acções da Microsoft, futuros do Nasdaq ou do crude, na expectativa de que o seu preço suba, para depois vender, e sair do mercado com lucro.

Pelo contrário, numa posição curta, o especulador vende primeiro o activo – acções da Microsoft ou do BCP, futuros do Nasdaq ou do crude – na expectativa de que o seu preço caia, para depois o comprar a preço mais baixo, e encaixar um lucro com a transacção. Numa posição curta, o especulador ganha com a queda do mercado e perde com a sua subida.

A questão pertinente é a de saber como é que o especulador curto consegue vender uma coisa antes de a comprar. A resposta não é assim tão difícil – se conseguir encontrar alguém que lhe empreste. Admitamos que as acções da Intel estão hoje cotadas a $25 e que eu antecipo que o seu preço vai cair. Admitamos ainda que consigo encontrar alguém que possua acções da Intel e que esteja disposto a emprestar-mas. Então, eu vendo as acções da Intel que tomei de empréstimo. Se as minhas expectativas se confirmarem, passadas três semanas, as acções da Intel caíram para $20. Nessa altura, compro-as, devolvo-as ao seu proprietário, e pelo caminho ganhei $5 por acção, ou 20% do meu investimento inicial. Pelo contrário, se as minhas expectativas saírem goradas e as acções da Intel, em lugar de caírem, subirem para $30, então vou ter um prejuízo, porque terei de as comprar a este preço, a fim de as devolver a quem me as emprestou, incorrendo numa perda de $5 por acção ou 20% do meu investimento inicial.

Os bancos de investimento que actuam como “market-makers” - empresas como a Merrill Lynch, Morgan Stanley, Goldman Sachs – são as instituições que, contra um depósito de garantia e o pagamento de uma comissão, estão dispostas a emprestar aos seus clientes – os especuladores – os activos que estes não possuem e que lhes permitem a adopção de posições curtas, seja em acções da Intel, da Microsoft ou da Boeing, seja contratos de futuros sobre o Nasdaq, o Dow Jones, o crude, o ouro, o açúcar ou o gás natural.

Em situações de queda pronunciada das Bolsas, como nos dias subsequentes ao 11 de Setembro ou nas últimas semanas da recente crise financeira, virtualmente, os únicos compradores que aparecem no mercado são os especuladores curtos, comprando a preço mais baixo aquilo que venderam a preço mais alto, fechando as suas posições e encaixando os seus lucros. Não fossem eles a suportar o mercado, e a queda do mercado seria mais pronunciada – se calhar, de proporções catastróficas.

Não, obrigado!

Depois de anunciado o plano de injecção de liquidez num montante recorde de 700 mil milhões de dólares, o secretário do Tesouro norte-americano, Henry Paulson, na reunião de ontem do G7, convidou os parceiros europeus a seguirem a mesma estratégia de apoio às instituições financeiras.

A reacção da Europa foi clara. Aplaude o plano levado a cabo do outro lado do Atlântico, mas não tem a mínima intenção de o adoptar para si. Os representantes alemães consideram mesmo que a situação europeia, em particular a alemã, não pode ser comparada com a vivida nos EUA.

Na prática, a Europa está ancorada ao seu Pacto de Estabilidade e Crescimento que a limita em qualquer jogada orçamental de risco. Por isso, é de esperar que as autoridades europeias estejam atentas e, acima de tudo, apertem na regulação. Mas, não será adoptado nenhum pacote de medidas tão arrojado como o dos EUA.

2008-09-22

Absent and unaccountable


"A avaliação que agora se faz da actuação da SEC em toda esta crise – antes, durante e depois – é particularmente negativa (...) A SEC falhou em toda a linha. E, agora, teve de recorrer a medidas de emergência, em particular à extraordinária proibição das vendas a descoberto – as legais e as ilegais – em títulos associados ao sector financeiro. Não só já vai tarde, como também, acaba por penalizar indevidamente todos aqueles que, dentro das regras e de forma acertada, investiram dinheiro na desvalorização dos títulos da banca e dos seguros. Para estes investidores, infelizmente, a SEC é inimputável. Para os outros, a SEC não existe"

Excerto do meu próximo artigo no jornal "Vida Económica", que será publicado na 6ª feira (26/09)

"The SEC's role in this financial crisis - before, throughout and after - has been marked by mismanagement (...) The SEC has failed across the board. And now it has resorted to emergency measures, particularly the amazing proihibition of covered (legal) and naked (in most cases illegal) short sales in stocks issued by financial companies. The SEC is not only late, but it is also unduly undermining the profits of those, who within legal limits, had correctly anticipated the bear market in banking and insurance securities. For these investors, the SEC is unaccountable for their losses - unfortunately. And for other investors, the SEC does not exist",

Quoted from my next article written for the weekly Portuguese business newspaper "Vida Económica" which will be published on Friday, Sept 26th.

Menos Transparência

Segundo noticia o Jornal de Negócios, os bancos norte-americanos desejam que a regra do "Fair Value" seja extinta, uma vez que prejudica o seu valor de mercado.

Esta regra obriga a que as empresas incluam nos seus balanços o valor de mercado dos activos que possuam, mesmo que este não tenha sido alienado, ou não haja intenção de o fazer. As principais instituições mundiais já efectuaram amortizações de activos acima de 500 mil milhões de dólares, para reflectirem nos seus balanços a perda de valor dos activos em causa, mesmo que as instituições não estimem registar estas perdas.


A meu ver, sobretudo nesta altura, é essencial que esta regra permaneça, uma vez que dá aos investidores uma imagem muito mais próxima da realidade da empresa. Exige-se que haja transparência, caso contrário os mercados vão ser sobrecarregados com incerteza adicional e isso não é desejável.


A questão que se coloca é se os bancos ainda terão muito para esconder... a mim parece-me que sim.