2008-12-18

Dificuldades nas companhias aéreas em 2008

As companhias aéreas enfrentaram um 2008 bastante desgastante. No primeiro semestre, a escalada dos preços do petróleo para níveis recorde perto dos 150 dólares por barril elevou a factura das companhias. No segundo semestre, e apesar do petróleo ter recuado nos mercados internacionais, a quebra da procura decorrente do abrandamento económico global tornou-se na principal ameaça. Em 2008, e até agora 31 companhias aéreas encerraram a sua actividade.

Giovanni Bisignani, o director geral da International Air Transport Association (IATA), afirmou durante a semana passada que a crise crónica na indústria aérea vai continuar em 2009 e que este é o período mais fraco (em termos de receitas) dos últimos 50 anos. Em 2008, as perdas foram 20 vezes superiores às da crise após os ataques terroristas de 11 de Setembro. Apesar da queda das cotações do crude, as companhias aéreas vão perder 2,5 mil milhões de dólares durante o próximo ano devido à queda da procura. Em 2008, a perda será de 5 mil milhões de dólares devido aos elevados preços do petróleo no primeiro semestre. Serão perdidos 400 mil postos de trabalho durante estes dois anos nas companhias aéreas e no sector do turismo.



*Valores em milhões de dólares
Fonte: International Air Transport Association

O tráfego internacional aéreo de passageiros caiu em Outubro pelo segundo mês consecutivo. O número de passageiros recuou 1,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. O tráfego de passageiros em 2008 deverá crescer em torno dos 2%, impulsionado pela Ásia e América Latina. Mas em 2009 deverá registar um recuo de 3%, a primeira quebra desde 2001 (-2,7%).

O tráfego de cargas deverá contrair-se 1,5% este ano e 5% no próximo ano devido ao enfraquecimento da actividade económica mundial. A última vez em que se registou uma redução do movimento de carga foi em 2001 (-6%).

As dificuldades no sector estão a promover uma onda de fusões no sector para ultrapassar a crise e garantir uma posição estratégica no mercado. As norte-americanas Delta Airlines e a Northwest Airlines criaram, em Outubro, a maior companhia mundial em termos de tráfego, com 170 milhões de passageiros por ano, mais de 75 mil funcionários e a operar para 375 destinos. Hoje, a British Airways e a Qantas recuaram no ambicioso plano de fusão.

O comportamento das principais companhias aéreas mundiais reflecte o período conturbado. Desde o início do ano e até avançarem com a fusão, a Delta Airlines e a Northwest Airlines desvalorizaram 46,3 e 31,8%, respectivamente. Na Europa, a Air France cedeu 59,5% e a Lufthansa perdeu 41,9%. Ver nos gráficos abaixo dois exemplos (Northweast Airlines e Lufthansa):



(clique nas imagens para aumentar)

Fonte: Bloomberg e IATA

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