2008-12-10

Q de Tobin (2)

Como foi dito num post anterior, o Q de Tobin indica a relação entre o valor de mercado e o custo de substituir o activo líquido. Teoricamente, segundo a formulação original, quando o indicar é superior a 1, torna-se rentável investir, dado que o retorno futuro irá compensar o investimento presente. Quando o rácio é inferior a 1, não existe vantagem em investir no presente porque os rendimentos futuros não se vão compensar.

Contudo, como o capital está sujeito a rendimento marginais decrescentes, o investimento adicional faz diminuir o Q enquanto que o desinvestimento faz aumentar o valor do indicador. Deste modo, há uma tendência para no longo prazo o rácio tender para 1.

Mas tal não deve ser interpretado que qualquer desvio face a 1 seja de imediato corrigido. Aliás, existe também uma justificação para que o valor de mercado e o custo de substituição sejam diferentes: por um lado, as empresas possuem factores intangíveis como o capital humano, fornecedores, distribuidores, etc, e por outro a substituição do capital instalado exige tempo.

No gráfico em baixo é possível observar a evolução do Q de Tobin desde 1900 até às estimativas de acordo com o preço de fecho do S&P 500 do dia de ontem. Os dados utilizados fazem parte do histórico da Andrew Smithers que compila dados históricos relacionados com este indicador. O Q encontra-se assim nos 0.74, o valor mais baixo desde o início dos anos 90. O mínimo histórico é de 0.27, apesar de se ter registado por diversas vezes situações em que o indicador se aproximou desse nível.


Este indicador, como também já tinha referido anteriormente, pode ser utilizado em títulos individuais. Assim, segundo esta teoria, dos sectores que integram o S&P 500, os mais atractivos para investir são o da saúde e o tecnológico. Por sua vez, as empresas de Utilities e de Telecomunicações são as menos atractivas.

Podemos fazer a mesma análise para as empresas do principal índice português, o PSI 20, contudo cada sector é representado por uma, duas ou três empresas, o que enviesa bastante os resultados. Será mais plausível, ao invés, referir os títulos individuais que este método indica como mais atractivos. A ZON e a Galp lideram a lista como as que conferem um maior retorno futuro face ao investimento actual. Já a Semapa e a Sonaecom são as que apresentam um Q de Tobin mais baixo, do universo das 20 cotadas.

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