2009-01-30

Recessão Nipónica

O Japão encaminha-se para a pior recessão no período pós Segunda Guerra Mundial, com a produção industrial a cair em Dezembro 9.6% face ao mês anterior e 20.6% face ao período homólogo do ano anterior, a maior queda desde que este indicador é contabilizado. Consequentemente, o desemprego aumentou e os gastos das famílias diminuíram.


A taxa de desemprego no Japão aumentou 0.5 pontos percentuais para 4.4%, o que constitui máximos de 3 anos. Este aumento, tal como sucederá uma única vez antes em Março de 1967, constitui o maior aumento desde 1953, quando este indicador começou a ser contabilizado. Cerca de 2.7 milhões de pessoas estão agora desempregadas no Japão, um valor que é 16.9% superior ao registado no mesmo período de 2007. Este facto é explicado pelos milhares de despedimentos anunciados pelas empresas japonesas afectadas pela crise financeira. As previsões mais pessimistas apontavam para uma taxa de 4.2%.


Os gastos dos agregados familiares deslizaram 4.6%, naquele que é o 10 mês consecutivo de diminuição deste indicador. Os preços no consumidor, medida de inflação, aumentaram em Dezembro 0.4% face ao ano anterior, quando em Novembro o aumento tinha sido de 1.0%. Este é o valor mais baixo dos últimos 12 meses. Convém recordar que ainda em Julho de 2008, o índice de preços no consumidor registou o maior aumentou dos últimos 11 anos. O risco de deflação está agora novamente iminente num país que sofre da chamada “armadilha de liquidez”, em que a taxa de juro é tão baixa que eventuais cortes terão um efeito muito reduzido na economia.


A queda da produção industrial japonesa acabou por ser maior do que o expectável já que os economistas tinham apontado para uma queda de 8.9%, 0.7 pontos percentuais abaixo do efectivamente registado. A recessão nos EUA e na Europa, conjuntamente com o abrandamento económico que a China atravessa contribuíram para uma forte diminuição da procura por automóveis japoneses, bens de consumo electrónico e maquinaria. A Hitachi, empresa de maquinaria japonesa, anunciou hoje que vai suprimir sete mil postos de trabalho nas suas divisões electrónicas. O grupo prevê uma perda líquida anual maciça de 700 mil milhões de ienes (cerca de 5,8 mil milhões de euros), pelo que vai também encerrar uma fábrica no Nordeste de Tóquio por uma semana até Junho. Por sua vez, a Honda anunciou que aumentou os cortes na produção.

(fonte: Bloomberg)

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